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O que falta para o Seattle Seahawks voltar ao Super Bowl?

  • Foto do escritor: Caio Cervera
    Caio Cervera
  • 15 de jul. de 2021
  • 8 min de leitura

Atualizado: 16 de jan. de 2022


Dia 1 de Fevereiro de 2015. Chegava ao fim o melancólico Super Bowl XLIX para a equipe do Seattle Seahawks, onde a equipe ficou a uma jarda de conquistar seu segundo título consecutivo da liga. Chegava ao fim também a última participação da equipe na decisão da NFL, e desde então a expectativa para que o Seahawks retornasse ao Super Bowl sempre foi muito grande, porém nunca foi concretizada. Afinal, o que aconteceu nesses anos e o que pode ser feito diferente para que finalmente os dias de glória voltem para a equipe de Seattle?


Durante todas essas temporadas, o Seahawks nunca deixou de ser um forte contender na NFC, porém muita coisa mudou no time desde então. É muito difícil uma equipe da NFL se manter forte por muitos anos consecutivos. Desgaste do elenco, salary cap, trocas no comando técnico, melhorias dos seus rivais de conferência, tudo isso influencia muito. E no caso, Seattle sofreu com todas elas. Mas queria destacar dois pontos que foram decisivos para que houvesse esse declínio de competitividade da equipe nos últimos anos: o fim da Legion of Boom e a queda de produção do jogo corrido após a saída de Marshawn Lynch.


Histórico e principais mudanças desde a última ida ao SB


Primeiramente, vamos falar da temida Legion of Boom. O conjunto de defensive backs da defesa que guiou a equipe à vitória do Super Bowl, reduzindo o também histórico ataque do Denver Broncos a apenas 8 pontos na decisão, e considerada uma das melhores defesas da história da NFL, aos poucos foi se separando.

(Foto: 12manrising.com)

Richard Sherman, o membro mais icônico da LOB, acabou deixando a equipe após a temporada de 2017. Já com 29 anos, com um salário alto e depois de perder a parte final da temporada com uma lesão no tendão de aquiles, foi cortado pelo Seahawks. Depois, aos 30 anos o S Kam Chancellor anunciou sua aposentadoria, após uma grave lesão no pescoço sofrida também na temporada de 2017, que deixou o atleta com risco de paraplegia. Já o também S Earl Thomas iniciou um holdout na pré-temporada de 2018, que acabou não se concretizando, e o jogador retornou ao elenco antes da primeira semana. Porém, sofreu uma lesão na perna em um jogo contra o Arizona Cardinals, na semana 4, que acabou não permitindo com que o atleta retornasse aos campos em 2018. Com isso, Seattle acabou não renovando com o jogador, que foi para o Baltimore Ravens. Com essas saídas e de outros jogadores também importantes nessa histórica defesa, o nível do conjunto nunca mais foi o mesmo.


Agora, sobre o jogo corrido e a saída de Marshawn Lynch. O beast mode, como foi carinhosamente apelidado, foi peça essencial no ataque de Seattle nas temporadas de mais sucesso da equipe, porém, decidiu se aposentar da liga após a temporada de 2015, onde Lynch sofreu com uma lesão na hérnia e conseguiu voltar apenas no jogo do Divisional Round contra o Carolina Panthers, onde somou apenas 6 corridas para 20 jardas e não pôde evitar a eliminação de sua equipe. Ele retornou da aposentadoria em 2017, porém pediu para ser trocado para o ainda Oakland Raiders, onde jogou por 2 anos e logo se aposentou novamente. Em 2019, após inúmeras lesões no corpo de corredores de Seattle, Lynch retornou novamente da aposentadoria para jogar pelo time em que fez mais sucesso, porém realizou apenas uma partida, com 12 corridas para 34 jardas e 1 touchdown.



Desde a saída de Lynch em 2016, muitos jogadores estiveram a frente do backfield de Seattle, porém apenas em 2018 um deles se firmou: Chris Carson. O RB de 26 anos é o titular da posição desde então, tendo duas temporadas com mais de 1.000 jardas e se solidificando como um bom corredor mesmo com o péssimo trabalho da linha ofensiva da equipe, porém o jogo corrido dos Seahawks nunca foi o mesmo.

(Foto: Seahawks Wire - USA Today)

A última temporada


O ano de 2020 foi uma montanha russa de emoções para os torcedores dos Seahawks. Na primeira metade da temporada, o ataque de Seattle foi dominante, com a equipe conseguindo pela primeira vez na história vencer os 5 primeiros jogos da temporada, e com Russell Wilson liderando a liga com incríveis 28 passes para touchdown nos primeiros 8 jogos da temporada, disparando na corrida para ser o MVP e fazendo com que o ataque tivesse uma média de 34 pontos por jogo. Porém, na metade final da temporada, os adversários conseguiram entender o funcionamento do ataque de Seattle com seus passes em profundidade e, montando defesas que pararam esse tipo de jogo, somado ao péssimo desempenho da linha ofensiva defendendo seu QB e ajudando no jogo corrido, o desempenho ofensivo caiu drasticamente: Wilson teve apenas 12 passes para TD nos últimos 8 jogos e a média de pontuação da equipe caiu para 22,6 pontos por jogo.


Se por um lado o ataque iniciou bem e teve uma queda, a defesa foi o inverso. Na primeira metade da temporada era a equipe que mais cedia jardas aéreas para os adversários, muito em função também da perda do S Jamal Adams, que sofreu uma lesão no jogo da semana 3 contra o Dallas Cowboys e só voltou na semana 9. E também pela falta de agressividade do seu front seven, que até a semana 9 tinha apenas 9 sacks nos QB adversários. Seattle se mexeu e foi atrás do DE Carlos Dunlap, ex Cincinnati Bengals, movimento esse que fez com que a linha defensiva da equipe tivesse uma melhora gigantesca, totalizando 37 sacks entre as semanas 9-17. Somado ao retorno de lesão de Jamal Adams e de outros jogadores importantes da secundária que fizeram com que a unidade tivesse uma melhora significativa, a defesa se consolidou e, a partir da semana 10, não permitiu que os seus adversários marcassem mais de 23 pontos em nenhuma partida.



Seattle terminou a temporada com uma campanha de 12 vitórias e 4 derrotas, conquistando o título da NFC West e com a terceira melhor campanha da NFC, o que os credenciou para enfrentar os seus rivais de divisão, Los Angeles Rams, no Wild Card. Os Rams iniciaram a partida sem o seu QB titular, Jared Goff, que estava na reserva após passar por uma cirurgia no dedão, porém logo na primeira campanha, o seu substituto, John Wolford, acabou se lesionando, o que fez com que Goff tivesse que entrar na partida. Porém, foi a defesa de Los Angeles que acabou fazendo a diferença e, com 5 sacks e 2 turnovers, sendo um deles uma pick six, fez com que o ataque de Seattle fosse dizimado e culminasse na vitória dos Rams por 30-20, eliminando a equipe dos Seahawks em casa.


O que mudou na offseason


A offseason de Seattle vem sido bastante agitada. Logo após a eliminação nos playoffs, a equipe optou por demitir o então coordenador ofensivo, Brian Schottenheimer, movimento esse que na época foi criticado por Russell Wilson, e contratar o coordenador de jogo aéreo do Los Angeles Rams, Shane Waldron. Houveram também rumores de uma possível troca de Russell Wilson, logo após o QB dar fortes declarações onde cobrava uma melhora na linha ofensiva da equipe, porém esses rumores logo foram descartados pela equipe.


No ataque, as principais mudanças ocorreram na posição de TE, onde Greg Olsen se aposentou e Jacob Hollister acabou indo para a free agency, e a equipe buscou o ex Rams, Gerald Everett para ser seu TE número 1. No corpo de recebedores, Seattle deu uma renovação contratual para o WR Tyler Lockett, e buscou no segundo round do Draft o promissor WR de Western Michigan, D’Wayne Eskridge, enquanto perdeu o seu WR número 3 na última temporada, David Moore, para o Carolina Panthers. Na tão comentada linha ofensiva de Seattle, a equipe foi atrás do G Gabe Jackson, em uma troca com o Las Vegas Raiders, e renovou com o C Ethan Pocic, enquanto o G Mike Iupati se aposentou da liga.

(Foto: Ted. S. Warren - AP Photo)

Na defesa, começando pela linha, Seattle viu seu DT Jarran Reed partir para o Kansas City Chiefs na free agency, renovou com o também DT Poona Ford e o DE Carlos Dunlap, além de trazer o DE Kerry Hider Jr, vindo da melhor temporada da sua carreira no San Francisco 49ers, com 8,5 sacks na última temporada. Na unidade dos linebackers, a equipe viu os contratos do lendário LB K. J. Wright e do LB Bruce Irvin acabarem e não buscaram uma renovação, apostando claramente na escolha de primeira rodada da equipe no Draft de 2020, o LB Jordyn Brooks. Na secundária ocorreram as maiores mudanças da defesa: a equipe perdeu o CB Shaquill Griffin para o Jacksonville Jaguars e o CB Quinton Dunbar para o Detroit Lions na Free Agency, enquanto buscou o CB Akhello Witherspoon e o CB Pierre Desir também na FA, além de escolher o CB de Oklahoma, Tre Brown, na quarta rodada do Draft desse ano.


O que a equipe deve fazer para ter chances de retornar ao SB


Proteger Russell Wilson: parece que todo ano esse é um ponto crucial quando falamos sobre o que Seattle deve melhorar, porém de fato a equipe pouco realiza movimentos eficazes na unidade. Desde 2015, Wilson é um dos 4 QB que mais são sackados na temporada regular, tendo sido derrubado 47 vezes na última temporada. A OL tem alguns bons nomes, como o T Duane Brown, que mesmo veterano fez uma das suas melhores temporadas em 2020, o G Damien Lewis que foi muito bem na sua temporada de calouro, e agora o G Gabe Jackson, adquirido do Las Vegas Raiders, porém sempre sofre muito com lesões, e os reservas da unidade são, no mínimo, bem questionáveis. Se a OL titular se manter saudável durante toda a temporada, e com a adição de Jackson, a tendência é que o nível de proteção do QB suba para um nível razoável, porém ainda é muito pouco para quem quer voltar a ser campeão.


Adicionar opções no jogo corrido: Chris Carson é um ótimo jogador e indiscutivelmente o titular da equipe, porém o conjunto de RB não teve uma boa temporada em geral, o que obrigava Wilson a ter que ficar muito mais tempo com a bola na mão em jogadas de passe e ficando mais exposto para ser sackado devido a fragilidade da OL. O mínimo que o front office deveria ter feito era buscar um nome que pudesse ter um impacto na unidade e ajudar o ataque, certo? Porém fizeram exatamente o contrário. A única mudança foi a saída do até então RB número 2 da equipe e que pouco fez na última temporada, Carlos Hyde, para o Jaguars. Seattle parece apostar na volta de Rashaad Penny, a escolha de primeira rodada da equipe em 2018 e que sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior no final de 2019, que o manteve 12 meses fora dos gramados, porém não me parece uma boa ideia colocar nos ombros do atleta de 25 anos que ficou tanto tempo afastado da liga com uma lesão tão séria o peso de ser o diferencial no jogo corrido em relação ao ano passado.


Manter os principais jogadores da defesa saudáveis: na segunda metade da temporada, após a troca pelo DE Carlos Dunlap e a volta de lesão de Jamal Adams e alguns outros nomes, a defesa de Seattle foi o verdadeiro diferencial e o que fez com que a equipe conquistasse a NFC West. Com os movimentos da offseason, na minha opinião a defesa em geral manteve o mesmo nível do ano passado, ou até com uma leve melhora. Portanto, se os principais nomes defensivos da equipe conseguirem evitar lesões, a defesa do Seahawks tem tudo para repetir o bom desempenho da metade final da temporada de 2020.


Ter equilíbrio entre ataque e defesa: na minha opinião, esse é o principal ponto que pode fazer Seattle voltar a ter chances de chegar ao Super Bowl. Na primeira metade da temporada, o ataque foi extremamente dominante, com Russell Wilson disparando na corrida pelo prêmio de MVP e com números que indicavam até quebra de recordes históricos da liga. Porém, isso não durou muito e o desempenho caiu drasticamente no final da temporada. Já a defesa, que iniciou o ano com números horríveis, sendo a pior contra o jogo aéreo e com diversas lesões, acabou se transformando na metade final da temporada, com números incríveis principalmente na linha defensiva e bom desempenho de alguns nomes da sua secundária. Se o Seahawks conseguir manter durante toda a temporada de 2021 o espírito do ataque que foi dominante, com a defesa que segurou a barra e levou o time aos playoffs, as chances da equipe na forte NFC aumentam consideravelmente, e a equipe pode sim sonhar em voltar a grande decisão da NFL.

1 Comment


Talyson Braga
Talyson Braga
Jul 15, 2021

Aquele e-mail que agente gosta de receber !


Valeu pelo conteúdo !

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© 2021 por Carol Grigori.

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