O declínio do Dallas Cowboys
- Carol Grigori
- 28 de jan.
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de jan.
Preciso começar esse texto falando que o Dallas Cowboys é a franquia mais valiosa do mundo dos esportes há dez anos. Sim, é a franquia que mais vale dinheiro entre NFL, NBA, NHL, MLB, ou qualquer liga de futebol ou outro esporte.
E o que se espera de uma equipe com esse calibre? Pelo menos uma mentalidade vencedora, certo? O problema é que não temos visto isso nos últimos anos. Mas antes de entrar nos tempos sombrios, precisamos falar um pouco da história e dos tempos de glória.
O Cowboys entrou na NFL em 1960 e, nesses 65 anos de história, disputou 8 Super Bowls, ganhando 5 deles. A primeira década de sucesso foi a de 70, quando a franquia treinada por Tom Landry somou 5 aparições no SB e 2 títulos (1971 e 1977).
Após esse período, passou por tempos difíceis, o que levou a venda do time para o atual dono da franquia, Jerry Jones, em 1989 pela bagatela de US$ 150 milhões. Jimmy Johnson chegou para substituir Landry, e Michael Irvin, Troy Aikman e Emmitt Smith chegaram no time na sequência. Essas movimentações deram início à dinastia da década de 90, quando o Cowboys venceu os 3 Super Bowls que disputou (temporadas de 1992, 1993 e 1995).
Só que desde então a franquia nunca mais chegou a uma final de Conferência.
Dallas tem acumulado uma sequência de fracassos neste século. A sensação de grande parte da torcida é que toda temporada começa com o mesmo discurso de "as coisas serão diferentes" e "temos um bom time agora" e sempre termina também da mesma forma, com um gosto amargo na boca, com a sensação de que poderiam mais.
Podemos tentar procurar vários culpados, como as lesões de Irvin e Aikman no final da década de 90, a regra de recepção (Dez caught it!), as lesões de Romo e Dak, as chamadas ofensivas que ninguém aguenta mais (alô corrida pelo meio!), as muitas faltas que prejudicam o time em quase todo jogo, ou até as palmas do Jason Garrett. Mas, na minha percepção, o maior problema dessa franquia é o atual compromisso de seu dono com a mediocridade.
Jerry Jones foi um ótimo dono para a franquia por um período, e não duvido que poderia continuar sendo caso abrisse mão de tomar todas as decisões relacionadas ao football. Ele não é capacitado para ser General Manager da maior franquia esportiva do mundo pois, para isso, é preciso deixar o ego de lado e tomar decisões que vão favorecer o time, e não só a sua vontade pelo simples fato de apenas querer.
A covardia de movimentações na free agency há anos é uma das provas mais claras disso. Não é de hoje que o Dallas Cowboys não faz contratações importantes nesse período pra reforçar o time. Tivemos oportunidade de fechar com bons jogadores, que com certeza fariam a diferença em campo, mas Jerry geralmente opta pela pior escolha, tarde demais e não costuma assumir que estava errado. A mais recente foi o caso de Derrick Henry, onde Jones afirmou que não poderia pagar pelo jogador, e na sequência fechou com Ezekiel Elliott. Teva ainda a audácia de comparar a qualidade desses jogadores, como se estivessem na mesma prateleira. Mesmo que não esteja no seu auge, vocês lembram o que Henry fez com o Cowboys na semana 3 dessa temporada, né?
Também podemos citar a questão com técnicos. Jason Garrett ficou por quase 10 anos como head coach (2010-2019) e seu recorde com o time na pós-temporada é de 2-3. Foi um parto para que fosse demitido, mesmo após vários vexames. Logo depois veio Mike McCarthy, que também não conseguiu levar o time para lugar nenhum, e em sua saída, Jones fez um circo demorando na reposição e entrevistando os piores nomes disponíveis para o cargo. E acabou fechando com um que nunca foi HC na vida, mas que já estava na franquia (atuando como OC), então sabe como as coisas funcionam ali.
Times precisam saber passar por adversidades e se reconstruir após um período conturbado. O próprio Cowboys conseguiu isso uma vez, mas acho improvável que aconteça novamente na atual gestão. Jones não quer energia de mudança, pois mudança de verdade significa abrir mão do poder. E isso é algo bem sério pra um bilionário.
Bill Belichick esteve disponível no mercado e Dallas nem se deu ao trabalho de entrar em contato. Entendo que a relação seria muito complicada pois, como já sabemos, BB gosta de ter o comando do time (até porque sabe fazer isso com maestria), mas Jones não conseguiria suportar alguém dizendo o que fazer. Ele quer e sempre busca nomes que tenham o perfil "yes man", como Dez Bryant bem pontuou em uma rede social essa semana.
Posso morder a minha língua e Brian Schottenheimer entregar uma boa temporada? Sim, mas dificilmente será o treinador que vai ganhar um Super Bowl, e é justamente de um título que o Cowboys precisa para deixar de ser uma piada na Liga e voltar a carregar com honra o apelido de Time da América.
Parece que você falou do Manchester United, na era pós Ferguson.
Times gigantes, cada qual no seu esporte, que vem sendo ridicularizados por conta de má gestão.
Dallas era uma referência quando se falava em futebol americano e realmente não merece essa posição mediocre no cenário da NFL.