Os extremos de uma das maiores rivalidades da NFL
- Caio Cervera
- 12 de dez. de 2021
- 6 min de leitura
Packers e Bears se encontram no Sunday Night Football da semana 14 em momentos totalmente distintos para duelar uma das maiores rivalidades da NFL.
A história da rivalidade
A natureza da rivalidade entre as duas franquias vem de vários fatores. Geograficamente, pouco mais de 300 km separam a grande Chicago, terceira maior cidade dos Estados Unidos por população (atrás apenas de Nova Iorque e Los Angeles) da minúscula Green Bay, que possui pouco mais de 100 mil habitantes e fica no Estado de Wisconsin, vizinho de Illinois, onde se localiza Chicago.
A questão das equipes jogarem sempre na mesma divisão desde 1933, ano em que foi instituído na NFL o formato de divisões, é outro fator que influencia na forte rivalidade entre as duas franquias.
Nenhum outro confronto na Liga tem tantas partidas disputadas quanto Green Bay Packers x Chicago Bears. Até hoje foram 203 partidas entre as duas equipes, com vantagem para os cabeças de queijo: 102 vitórias de Green Bay, 95 de Chicago e 6 empates.
A rivalidade completou 100 anos no dia 27 de novembro deste ano. Nesse mesmo dia no ano de 1921 o Chicago Staleys (a franquia passou a se chamar Chicago Bears em 1922) derrotou o Green Bay Packers pelo placar de 20-0 naquele que foi o primeiro encontro entre as duas equipes.

Combinadas, as duas equipes possuem nada menos que 22 títulos da NFL. Na era pré Super Bowl, são 9 títulos para o Packers e 8 para o Bears. Já na era do Super Bowl, são 4 títulos para Green Bay e 1 para Chicago. Além disso, possuem 67 membros no Hall da Fama da Liga, sendo 35 do Bears e 32 do Packers.
Um exemplo do tamanho do encontro entre as duas franquias vem lá de 2019. Em 2002 a Liga decidiu realizar o kickoff game, o jogo que abre a temporada e acontece em horário nobre. Desde 2004, o campeão da temporada anterior é o protagonista da primeira partida do ano. Completando sua temporada de número 100 em 2019, a NFL decidiu quebrar o protocolo e colocou Packers x Bears para iniciar os trabalhos de uma temporada festiva na Liga.
Nos playoffs as equipes se encontraram apenas duas vezes. A primeira, em 1941, aconteceu uma semana após o ataque a Pearl Harbor. Chicago venceu por 33-14 e conquistou o título da Liga em cima do New York Giants. A segunda partida aconteceu em 2011 na final da NFC. Jogando na casa do rival, Green Bay venceu por 21-14 e avançou para o Super Bowl, onde derrotou o Pittsburgh Steelers e conquistou seu título mais recente.
Os últimos anos de duelos vem sendo totalmente favoráveis para os cabeças de queijo. Desde que o QB Aaron Rodgers se tornou titular, foram 27 partidas e 22 vitórias do Packers contra o seu rival. Nas últimas 5 partidas, Green Bay permitiu uma média de apenas 14,2 pontos por jogo para o Bears, forçou 10 turnovers e cometeu apenas 1. O último encontro entre as duas equipes aconteceu na semana 6 desta temporada, com vitória do Packers por 24-14.
O momento atual de Chicago
Reformulação. Essa é a palavra do momento para o Chicago Bears. A equipe tem 4 vitórias e 8 derrotas na temporada e, matematicamente, não está eliminada dos playoffs, mas a realidade da franquia é bem diferente.
O QB Justin Fields, que se recuperou de uma lesão na costela e deve ser o titular no Sunday Night Football desta semana, teve seus bons momentos em campo e mostrou que, em um esquema que favoreça o seu estilo de jogo, tem tudo para elevar o patamar do ataque da franquia. O problema é que ele não teve suporte esse ano sob o comando do HC Matt Nagy.
Seguindo à risca o que o treinador disse na offseason de que o QB Andy Dalton seria o titular da equipe, o esquema ofensivo foi pensado ao redor de Dalton e não de Fields, que é um quarterback muito mais móvel e de características bem diferentes. O resultado? Desastre.
Fields ficou preso dentro do pocket em inúmeras partidas, o que já é ruim levando em consideração suas características, mas pior ainda com o péssimo desempenho da linha ofensiva de Chicago. O maior exemplo foi a partida contra o Cleveland Browns, onde o ataque correu apenas 13 vezes e Justin foi sackado em 9 oportunidades.

A defesa, unidade mais talentosa da equipe, naturalmente vem fazendo um bom trabalho. Nona melhor da Liga em jardas por jogo com uma média de 327,9 cedidas por partida com destaque contra o jogo aéreo, sendo a sexta melhor com uma média de 207,8 por jogo. Segurou a poucos pontos bons ataques como o do Cincinnati Bengals (17) e o do Las Vegas Raiders (9) em duas das suas vitórias.
Mas com um ataque que pouco contribui, fica difícil para a defesa da equipe. Ficando muito tempo em campo devido à pouca produção ofensiva, a unidade fica cansada mais rápido e acaba cedendo muitos pontos. São 23,9 em média por partida, décima primeira pior na Liga no quesito. E isso acaba influenciando também nas lesões. O LB Khalil Mack, por exemplo, está fora da temporada após ter realizado uma cirurgia com uma lesão no pé.
É mais que claro que Nagy deve ser demitido assim que a temporada acabar. A equipe tem talento nos dois lados da bola (principalmente defensivo) e se quiser voltar a ter sucesso em um futuro recente, terá que acertar na escolha do próximo HC que terá a missão de manter (no mínimo) o desempenho defensivo e criar um esquema de jogo que faça com que as habilidades de Fields finalmente apareçam em campo, fazendo assim com que o ataque mude de patamar.
O momento atual de Green Bay
Já os cabeças de queijo vivem um momento totalmente diferente de seus maiores rivais. 9 vitórias e 3 derrotas na temporada, com a segunda melhor campanha da conferência (atrás apenas do Arizona Cardinals que tem 10 vitórias e 2 derrotas), mesmo com um número elevado de lesões.
A grande maioria dos principais jogadores da equipe já perderam jogos nesta temporada. O LB Za’Darius Smith, sofrendo com uma lesão nas costas, jogou apenas 18 snaps na semana 1 e não atuou mais; o CB Jaire Alexander teve uma lesão no ombro na quarta semana e desde então também está fora; o T David Bakhtiari, se recuperando de uma lesão nos ligamentos do joelho sofrida na última temporada, também não entrou em campo ainda em 2021.
O TE Robert Tonyan, o LB Whitney Mercilus e o G Elgton Jenkins sofreram graves lesões e estão fora da temporada. O C Josh Myers fez uma cirurgia no joelho para tentar retornar ainda em 2021. Fora que o QB Aaron Rodgers, o RB Aaron Jones, os WR Davante Adams e Marquez Valdes-Scantling e o LB Preston Smith ficaram de fora em algumas partidas por lesões ou Covid.
Mas mesmo com todos esses problemas, a equipe continuou jogando em alto nível. Pela primeira vez em alguns bons anos, o maior destaque é a defesa. Após ser pulverizada pelo QB Jameis Winston e o ataque do New Orleans Saints na primeira semana, a unidade evoluiu muito de produção.
A equipe tem a sétima melhor defesa em jardas por jogo, com uma média de 321,7. Em pontos cedidos por partida é a quinta melhor com uma média de 20,2. Juntos, os QB Kyler Murray, Patrick Mahomes e Russell Wilson fizeram apenas 34 pontos na defesa de Green Bay. Um cenário quase que inimaginável para a unidade que levou 38 pontos do Saints na primeira semana.

O ataque vem sendo estável. Apenas o décimo quinto melhor da Liga e jardas por jogo com uma média de 355 por partida. Os 23,6 pontos por jogo também colocam a unidade como décima quinta melhor no quesito. O diferencial é a precisão de Aaron Rodgers. Junto com o Seattle Seahawks, a equipe é a que menos cedeu turnovers com apenas 5 interceptações e 5 fumbles até agora.
O calendário na batalha pela liderança da conferência é favorável. São 3 jogos de divisão contra cada um dos rivais e mais 2 partidas contra equipes da AFC North: o também desfalcado por lesões Baltimore Ravens fora de casa e o Cleveland Browns no Lambeau Field.
Packers x Bears se enfrentam no Sunday Night Football dessa semana 14, no domingo às 22:20 no horário de Brasília. A partida será transmitida pela ESPN e pelo Star+. Quem sairá vitorioso deste duelo de rivais?
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