De LSU para o mundo: o início promissor do Bengals com Burrow e Chase
- Caio Cervera
- 8 de out. de 2021
- 5 min de leitura
Quando no Draft deste ano Roger Goodell anunciou que a escolha do Cincinnati Bengals seria o WR Ja’Marr Chase e não um dos bons jogadores de linha ofensiva disponíveis (T Penei Sewell ou o T Rashawn Slater), as opiniões ficaram bastante divididas.
E não foi em relação às habilidades de Chase. O jogador era um dos melhores nomes disponíveis na classe de 2021. O atleta iniciou sua trajetória no futebol americano universitário no ano de 2018. Foi titular em 8 dos 14 jogos da temporada, com 23 recepções para 313 jardas e 3 touchdowns. Números modestos, em comparação com o que veríamos a seguir.
Na temporada de 2019, nada pôde parar LSU. 15 vitórias e nenhuma derrota, campeão invicto da NCAA e com o QB Joe Burrow tendo aquela que é considerada uma das melhores temporadas de um atleta na história do College: 5.671 jardas aéreas, 60 touchdowns e apenas 6 interceptações, com mais 368 jardas terrestres e 5 TD.
E grande parte desse sucesso do QB passou pelas mãos de Chase. Foram 83 recepções para 1.780 jardas e 20 touchdowns, com uma média de 21,2 jardas por recepção. Sua marca de 20 TD foi na época o recorde para um recebedor em uma temporada na história da SEC (Southeastern Conference), sendo quebrado na temporada seguinte com os 23 TDs de Devonta Smith em Alabama. Ja’Marr ainda recebeu o Fred Biletnikoff Award, prêmio entregue ao melhor WR da temporada no College.
O WR já tinha feitos o suficiente para dar o próximo passo e ir para a NFL, porém devido à regra da Liga, onde os jogadores das universidades devem esperar um tempo mínimo de 3 anos após deixar o high school para se declarar ao Draft, não pode adentrar a classe de 2020, e viu o seu companheiro, Burrow, ser selecionado com a primeira escolha geral pelo Cincinnati Bengals.
Devido a pandemia da Covid-19, os jogadores que não quiseram competir tanto na NFL como no College, puderam optar por não jogar a temporada de 2020. Considerando não somente a segurança da sua família, mas também evitando entrar em campo e tendo uma temporada não tão boa ou até mesmo se lesionando, Chase decidiu não entrar em campo e apenas aguardar o Draft de 2021.
A temporada 2020 do Bengals
Após selecionar Burrow com a primeira escolha geral do Draft, havia muita expectativa em Cincinnati. Todos sabiam que o time ainda era um dos mais fracos da Liga, mas queriam saber como o QB jogaria em sua nova casa.
Após uma primeira partida bem dura contra o Chargers, veio uma primeira grande exibição contra o Cleveland Browns. O QB acertou 37 de incríveis 61 passes tentados, para 316 jardas e 3 touchdowns, porém a equipe acabou sendo derrotada por 35-30. Na quarta semana, a primeira vitória: 33-25 em cima do Jacksonville Jaguars, com Burrow novamente passando das 300 jardas.
A franquia chegava a décima primeira semana com um recorde de 2 vitórias, 6 derrotas e 1 empate, porém no jogo contra o Washington Football Team o pior aconteceu. Após uma tentativa de passe, o QB acabou sendo atingido na perna esquerda e a mesma acabou ficando presa no gramado, provocando múltiplas lesões de ligamento no joelho do jogador. Burrow estava fora da temporada.
A equipe terminou o ano com um recorde de 4 vitórias, 11 derrotas e 1 empate, ficando em último lugar na AFC North e se posicionando como a quinta escolha geral do próximo Draft.
A escolha de Chase e o início de 2021
Com sua escolha, Cincinnati selecionou Chase, dividindo opiniões. Uma parte comemorava a escolha, sabendo do potencial do WR de se tornar um playmaker na Liga e do que poderia vir a ser a sua parceria com Burrow, após tanto sucesso no College. Outra parte criticava a decisão, pois achavam que a equipe deveria selecionar um dos bons jogadores de linha ofensiva para melhorar a proteção para o seu QB, ainda mais após a grave lesão de 2020.
Além de Ja’Marr, a franquia adicionou alguns nomes importantes na free agency, como o DE Trey Hendrickson, o CB Chidobe Awuzie, o CB Mike Hilton, o DT Larry Ogunjobi e o T Riley Reiff, reforçando a tão questionada linha ofensiva.
Na pré-temporada, uma declaração de Chase deixou os torcedores do Bengals preocupados. Após sofrer com drops, o recebedor disse que a bola da NFL era mais difícil de ser pega do que a da NCAA, pois a mesma é maior e as listras são diferentes. Essa era a última coisa que a torcida queria ouvir do seu WR que foi uma escolha tão alta no Draft.
Mas as preocupações ficaram para trás já na primeira semana da temporada regular. Em uma partida extremamente disputada e decidida apenas na prorrogação, Cincinnati venceu o Minnesota Vikings por 27-24, com Chase tendo 5 recepções para 101 jardas e 1 TD. Na segunda semana, a equipe foi até Chicago e acabou sofrendo contra uma das melhores defesas da Liga. Burrow teve um jogo pra esquecer, lançando 3 interceptações, e a franquia foi derrotada por 20-17.
Na terceira semana, a equipe iria até Pittsburgh enfrentar os seus rivais de divisão. Desde 2015 (temporada que ficou marcada como o melhor início na história de Cincinnati com 8 vitórias e nenhuma derrota) a franquia não vencia o Steelers no Heinz Field. Mas com uma grande exibição defensiva e com o ataque sendo eficiente, o Bengals levou a melhor e venceu por 24-10. Burrow teve 3 passes para TD, sendo 2 deles na direção de Chase, que terminou a partida com 4 recepções para 65 jardas, além das pontuações.
No TNF da semana passada, um jogo bem animado contra o Jaguars. A defesa sofreu para parar o RB James Robinson e as corridas de Jacksonville, mas o ataque se impôs no segundo tempo e em outra ótima atuação de Joe Burrow, com 348 jardas aéreas e 2 touchdowns, a equipe superou o adversário e venceu por 24-21, em um FG decisivo o K Evan McPherson. Chase teve mais uma partida sólida com 6 recepções para 77 jardas.
Para uma equipe que está iniciando o seu processo de reconstrução, a temporada de Cincinnati vem sendo muito boa. Embora o ataque não tenha números muito animadores correndo com a bola, Burrow vem tendo ótimas exibições mesmo após a grave lesão do ano passado. O QB está entre os 10 jogadores que mais passaram para TD esse ano. Mas o grande destaque ofensivo vem sendo Ja’Marr Chase. O WR tem quase 300 jardas em seus primeiros 4 jogos na Liga, e já anotou 4 TD, ficando apenas 1 atrás do líder do quesito, o WR Cooper Kupp do Los Angeles Rams.
A defesa vem sendo uma grata surpresa até agora. Com exibições sólidas, a unidade está entre as 6 que menos sofreram touchdowns aéreos nos primeiros jogos, com apenas 4. Além disso, é a nona com menos jardas terrestres cedidas aos adversários. Destaque para o LB Logan Wilson, que tem 40 tackles no ano, sendo o sexto no quesito, e que também tem 3 interceptações, ficando apenas atrás do CB Trevon Diggs do Dallas Cowboys.
O próximo confronto
Cincinnati recebe em casa o líder da NFC North, Green Bay Packers, no domingo às 14:00, no horário de Brasília. A partida será transmitida pela ESPN. O último confronto entre as equipes aconteceu em 2017, com vitória do Packers na prorrogação por 27-24.
Naquele que promete ser o confronto mais difícil para Burrow e seus comandados, o ponto decisivo ofensivamente será os turnovers. O QB é um dos que mais foi interceptado nos primeiros jogos (4 vezes) e enfrentará uma secundária que vem crescendo com a entrada do CB Eric Stokes no lugar do CB Kevin King, embora o CB Jaire Alexander tenha saído machucado no último domingo e não se sabe ao certo a gravidade de sua lesão no ombro, o que pode enfraquecer a unidade.
Defensivamente falando, é difícil parar um ataque tão completo como o de Green Bay, mas o principal será evitar os ganhos terrestres dos RB Aaron Jones e A.J. Dillon. A defesa de Cincinnati tem bons números em geral contra corridas, mas sofreu na última partida para parar o RB James Robinson e companhia. Será que a maré vitoriosa da franquia continuará?
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