Como explicar o primeiro jogo do Packers?
- Caio Cervera
- 16 de set. de 2021
- 6 min de leitura
Atualizado: 12 de nov. de 2021
Depois de toda a novela envolvendo o QB Aaron Rodgers na offseason, uma das equipes mais visadas nesta primeira semana era o Green Bay Packers. O favoritismo era dos atuais vice-campeões da NFC, mas o que aconteceu foi um domínio total do Saints. Como explicar o péssimo jogo do Packers?
O jogo
Devido ao Furacão Ida, que atingiu o Estado da Louisiana, a partida, que era de mando do Saints, acabou sendo realizada no TIAA Bank Field, estádio do Jacksonville Jaguars. No primeiro drive da partida, o K Aldrick Rosas converteu um FG de 44 jardas para colocar os mandantes na liderança. Green Bay não conseguiu responder e foi para o punt. A partir daí começaram a funcionar duas coisas essenciais para New Orleans: o jogo corrido e o relógio.

O ataque comandado pelo QB Jameis Winston começou a percorrer o campo com seu jogo corrido, e no início do segundo quarto o placar aumentou para 10-0 após um touchdown curto de Winston para o RB Alvin Kamara. Green Bay foi para o punt novamente, e o cenário se repetiu: New Orleans percorrendo o campo inteiro com o jogo corrido, gastando o relógio, e com seu QB encontrando o TE Juwan Johnson na endzone para aumentar a vantagem. Com pouco mais de 1 minuto para jogar no segundo quarto, Aaron Rodgers encontrou bons passes para conseguir posicionar o K Mason Crosby, que acertou um FG de 39 jardas, fazendo com que o jogo fosse para o intervalo com o placar de 17-3.
Na início do terceiro quarto, Green Bay vinha fazendo um bom drive e mostrando que finalmente iria conseguir anotar um touchdown, porém em uma tentativa de conexão com o WR Davante Adams quando a equipe já estava na redzone, Rodgers foi interceptado pelo rookie CB Paulson Adebo. New Orleans não aproveitou o turnover e foi para o punt, e aí aconteceu um dos lances capitais da partida: em um horroroso passe em profundidade buscando o WR Marquez Valdes-Scantling, o QB do Packers foi interceptado pelo S Marcus Williams. Jameis Winston logo aproveitou a boa posição de campo e encontrou o WR Chris Hogan na endzone, aumentando a vantagem para 24-3.
Green Bay não conseguiu avançar novamente, sofrendo um turnover on downs após um passe incompleto de seu QB em uma 4 descida para 2 jardas. Em outro lance importante, o S Darnell Savage interceptou Winston, porém a jogada foi anulada após uma chamada bem contestável de roughing the passer do LB Za’Darius Smith em cima do QB. Após isso, Jameis encontrou novamente Juwan Johnson na endzone, deixando o placar em 31-3 e fazendo com que o Packers desistisse de vez da partida, colocando o QB Jordan Love no lugar de Rodgers.

Love não conseguiu muita coisa em sua primeira campanha e Green Bay foi para o punt. Logo após, Winston achou uma bomba de 55 jardas para o WR Deonte Harris levar o placar em 38-3. As equipes trocaram punts em seguida e, no seu terceiro drive, o QB dos Packers estava fazendo uma boa campanha, porém sofreu um fumble já no final do campo, que colocou um ponto final no jogo e sacramentou a derrota da equipe por 38-3.
Fatores determinantes para esse resultado
Além de todo o mérito da equipe de New Orleans que soube dar a volta por cima após perder seu maior ídolo, Drew Brees, que se aposentou após a última temporada, é justo dizer que praticamente nada funcionou para Green Bay. Vamos ver mais a fundo alguns dos pontos mais importantes.
Passividade contra o jogo corrido
Um dos maiores problemas da franquia nos últimos anos vem sendo o jogo corrido. Um dos exemplos mais impactantes foi a final da NFC contra o San Francisco 49ers na temporada 2019, onde a equipe da Califórnia venceu tranquilamente apenas dando a bola para o RB Raheem Mostert.
No ano passado, a equipe teve números razoáveis no quesito, porém muito mascarados devido ao grande ano do LB Za’Darius Smith e do ataque, que pontuava na maioria das vezes, obrigando os adversários a utilizar mais o jogo aéreo.
O que aconteceu contra o Saints foi mais um exemplo da passividade desse grupo contra o jogo corrido. New Orleans terminou o jogo com 39 corridas para 171 jardas terrestres, uma média de aproximadamente 4,4 jardas por corrida. Com isso, o ataque terrestre liderado por Alvin Kamara ia avançando em campo, cansando a defesa do Packers e o mais importante: gastando o relógio. No total, o Saints teve 9 minutos a mais de posse que Green Bay. Além disso, vale citar que a defesa não conseguiu sack em cima de Winston.
Kevin King
Em geral a secundária do Packers não fez uma boa partida, porém o CB Jaire Alexandre e os S Adrian Amos e Darnall Savage são indiscutivelmente bons jogadores. A grande interrogação da secundária titular recai sobre o CB Kevin King.
Escolhido na segunda rodada no Draft de 2017, o jogador chegou com expectativas para a franquia, porém nos seus 4 anos do contrato de rookie acabou não se desenvolvendo conforme o esperado e acabou se tornando o elo fraco da secundária. A torcida, que já não tinha muita paciência com o jogador, acabou se esgotando após a final da NFC do ano passado, onde além de permitir dois touchdowns em suas coberturas, acabou cometendo um pass interference em uma jogada que forçaria Tampa Bay a ir para o punt, devolvendo a bola no final do jogo para Green Bay ter a chance de conseguir um touchdown e vencer a partida.
O mais inexplicável ainda estava por vir. Na offseason, o GM Brian Gutekunst renovou o contrato do jogador por um ano no valor de 5 milhões de dólares. Para se ter noção, jogadores da mesma posição como Ahkello Witherspoon, Desmond King e Casey Hayward assinaram por 1 ano com outras equipes ganhando menos que King.

Contra o Saints, o CB voltou a falhar. No segundo touchdown de Juwan Johnson, o CB foi facilmente batido na marcação e acabou atrapalhando o S Adrian Amos, que acabou deixando Juwan livre na endzone. Já no touchdown de 55 jardas de Winston para Harris, King não conseguiu acompanhar o recebedor de New Orleans que ficou livre para receber o passe longo e sacramentar a vitória do Saints. Fica cada vez mais difícil entender a titularidade do jogador, ainda mais depois de Green Bay ter selecionado o CB Eric Stokes na primeira rodada do Draft deste ano.
A falta do jogo terrestre
Desde que Matt LaFleur assumiu como head coach, uma das marcas do seu trabalho foi a reutilização do jogo terrestre na equipe, algo que não existia mais nos últimos anos de trabalho de Mike McCarthy.
Na temporada passada, a equipe foi uma das melhores nesse quesito, passando de 2 mil jardas terrestres durante a temporada regular, em um ótimo ano do seu trio de RB: Aaron Jones, Jamaal Williams (agora jogador do rival Detroit Lions) e A.J. Dillion.
Com essa boa utilização do jogo corrido, abriu a oportunidade para aquela que foi a maior arma de Green Bay nesses últimos dois anos: a play action. Com a mobilidade e a precisão de Rodgers passando fora do pocket, o ataque do Packers se consolidou como um dos melhores da liga.
Contra o Saints, parecia que os tempos de McCarthy estavam de volta. Foram apenas 15 tentativas para 43 jardas terrestres. As mudanças na linha ofensiva podem sim ter impactado, já que a equipe está sem um dos melhores jogadores da unidade na Liga, o T David Bakhtiari, que vem se recuperando de lesão e deve retornar na semana 7, e também perdeu na Free Agency o C Corey Linsley. Mas o não funcionamento do jogo corrido acabou influenciando bastante no resultado.
Aaron Rodgers
Após todo o drama sobre a sua continuidade em Green Bay, todos os olhos da imprensa e dos torcedores estavam em cima do atual MVP da Liga e de como seria a sua performance na abertura da temporada.
Mas quem apareceu em campo foi um Rodgers irreconhecível. O QB pareceu extremamente fora de sintonia com seus recebedores, completando apenas 15 passes de 28 tentativas, para 133 jardas e nenhum touchdown.
O pior foi em relação aos turnovers. Em todo o ano de 2020, Aaron teve apenas 5 interceptações nos 16 jogos da temporada regular. Contra New Orleans, foram 2 interceptações em momentos cruciais da partida. A primeira aconteceu no melhor drive de Green Bay na partida e quando parecia que a equipe finalmente chegaria ao touchdown, e a segunda em um passe longo completamente equivocado.
Próximo jogo
Green Bay volta a campo na próxima segunda-feira, às 21:15 no horário de Brasília, para enfrentar os seus rivais de divisão, Detroit Lions, no Monday Night Football. A partida será a primeira do Packers jogando no Lambeau Field na temporada e a primeira de temporada regular com ocupação máxima após as restrições devido a pandemia.

Jogando diante de seus torcedores, contra Detroit que já mostrou na primeira semana que também não tem uma defesa confiável após levar 41 pontos do ataque do 49ers, essa é a chance perfeita que o Packers terá para dar a volta por cima após um péssimo primeiro jogo. Resta saber se Aaron Rodgers e companhia terão sucesso nessa missão.
Segura o meu Saints da massa nessa temporada em oO Parabéns pela postagem! Muito bom!