Como é trabalhar com o esporte que ama? - Entrevista com Lorella Barbi
- André Lopes
- 5 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de mai. de 2021
Aposto que muitos se perguntam: Como deve ser trabalhar com o esporte que ama?
Existem muitos profissionais no esporte que não dão as caras em uma partida de futebol americano, porém são muito importantes nos bastidores, seja qual for sua função.
Dito isso, convidei Lorella Barbi, nutricionista do Palmeiras Locomotives e também da Comissão de Saúde da CBFA (Confederação Brasileira de Futebol Americano), para falar um pouco mais da sua atuação no futebol americano, além de detalhar alguns pontos de sua jornada.
André: Lorella, antes de tudo, gostaria de entender sua ligação com o futebol americano e como você juntou sua profissão ao esporte. Poderia me contar um pouco sobre?
Lorella: Desde a adolescência comecei a me interessar por futebol americano. Nos primeiros contatos, pensei que o esporte era apenas uma grande tourada desgovernada, e foi quando eu descobri que existiam planos prévios à entrada no campo. Desde então, comecei a acompanhar o esporte e entrar mais em contato com a liga profissional norte-americana.
Sou torcedora da Ponte Preta no futebol e vou sempre ao estádio assistir. Eis que um dia, no show do intervalo, entram alguns jogadores e começam a fazer uma simulação do jogo. No fim do segundo tempo, um dos jogadores estava sentado na mesma ala do estádio que eu. Não hesitei em interceptá-lo para saber onde treinavam, como as coisas funcionavam, etc.
Nessa época, estava cursando a minha segunda pós-graduação, em Medicina do Esporte e Exercício Físico, e decidi fazer meu trabalho de conclusão com jogadores de futebol americano.
Fui muito bem recebida pela diretoria e coachs do time. Após dois meses de interação fui convidada para fundar o Departamento de Nutrição do time, e foi nesse ponto que minha vida começou a se fundir com o futebol americano. De lá pra cá, fui convidada para integrar a CT do Palmeiras Locomotives e também a Comissão de Saúde da Confederação Brasileira de Futebol Americano.
André: Você poderia explicar de quais formas seu trabalho no Palmeiras Locomotives e na CBFA influenciam os atletas?
Lorella: A comida é o combustível do atleta. Sendo assim, quando a dieta está inadequada, a primeira coisa a ser afetada é o desempenho. Quando mal alimentado, o organismo não consegue ter matéria-prima suficiente para a síntese de músculos e energia.
A longo prazo, o atleta se torna fraco e estagnado, o que o deixa propício a sofrer lesões, sentir fadiga e ter pouca capacidade de adaptação ao esporte. Sendo assim, a influência da dieta é direta na capacidade esportiva dos atletas de futebol americano.
André: Desde que você começou a trabalhar diretamente com o esporte, notou algo para ser mudado na preparação de muitos atletas? Foi fácil reeducá-los?
Lorella: Na verdade, eu sou solicitada quando existe a demanda de melhora da dieta, então sempre encontro atletas com pouca instrução sobre como proceder em sua dieta. É muito comum que a CT de um time perceba que seus atletas estão com muita gordura, pouca força, baixo desempenho, etc. e solicite meus serviços para ajudar na melhora desses marcadores.
É sempre difícil fazer um processo que depende do outro para acontecer. Por exemplo, muitos atletas não entendem a importância real de estarem bem nutridos, já outros, estão muito dispostos a melhorar. Esse segundo grupo, como é de se esperar, vai bem melhor no processo. Mas hora ou outra todos acabam me procurando para receber boas recomendações.

André: Lidando diretamente com os atletas, o quê você achou mais difícil desde que ingressou no meio esportivo?
Lorella: Preciso confessar que nada (risos). Sempre tive o prazer de trabalhar em CTs extremamente respeitosas e que sabem da importância do meu trabalho. Nos dois times que fundei o Departamento de Nutrição, sempre tive 100% de liberdade para atuar como eu queria, então realmente não tive nenhuma dificuldade.
André: Nesses tempos de pandemia, como você está fazendo para atender todo o elenco do Palmeiras Locomotives?
Lorella: Estamos em suspensão dos treinos nesse momento, desse modo, direciono orientações aos atletas que me procuram.
André: E para finalizar, na Comissão Brasileira de Futebol Americano, já foi implantada por você algum método para a melhoria da mesma, sua função é voltada para tal?
Lorella: Ainda não. Assumi a posição no início da pandemia, então todos os olhares estão voltados para o desenvolvimento de protocolos de emergência. Além disso, minha função é técnica, sendo assim, ela se resume à criação de protocolos voltados para nutrição. Como é algo novo, ainda não há necessidade de mudança e sim de criação.
Conforme observado nas respostas da Lorella, ela uniu o útil ao agradável. Juntou sua profissão ao esporte que ama, e contribui para com ambos. Acompanhe o trabalho dela no Instagrame Site.
Espero que a proposta da matéria tenha explicado algumas dúvidas e curiosidades da área. Até a próxima!
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