Analisando o “All in” do Los Angeles Rams
- Caio Cervera
- 19 de nov. de 2021
- 5 min de leitura
No poker, o all in é o momento em que um jogador arrisca tudo em uma jogada. Ou o jogador ganha, ou perde tudo. E foi com um tweet assim que o Rams reagiu após trocar pelo LB Von Miller. Vamos analisar os movimentos da equipe que vem com tudo pra tentar vencer agora.
Les Snead, o General Manager da equipe, já mostrou que não se importa de ter que realizar trocas de escolhas no Draft se for preciso para melhorar a equipe. A última escolha de primeira rodada da franquia foi com o QB Jared Goff, em 2016. A próxima? Apenas em 2024.
2017 - escolha enviada para o Tennessee Titans para adquirir o QB Jared Goff no Draft anterior;
2018 - escolha enviada ao New England Patriots pelo WR Brandin Cooks
2019 - escolha trocada para o Atlanta Falcons por escolhas de segunda e terceira rodadas;
2020 - escolha trocada para o Jacksonville Jaguars pelo CB Jalen Ramsey;
2021 - escolha trocada para o Jacksonville Jaguars pelo CB Jalen Ramsey;
2022 - escolha trocada para o Detroit Lions pelo QB Matthew Stafford;
2023 - escolha trocada para o Detroit Lions pelo QB Matthew Stafford;
Como a NFL não é uma ciência exata, alguns movimentos podem ser considerados bons e outros nem tanto. A troca por Brandin Cooks, por exemplo, pode ser considerada ruim. Cooks teve bons números em 2018, no ano da campanha que levou o Rams ao Super Bowl, porém teve números bem piores em 2019 sendo superado pelos WR Robert Woods e Cooper Kupp, e acabou sendo trocado em 2020 para o Houston Texans junto com uma escolha de quarta rodada de 2022 por uma escolha de segunda rodada no Draft de 2020, usada para escolher o WR Van Jefferson.
Outra troca que acabou não sendo boa para Los Angeles foi a com Tennessee usada para selecionar Jared Goff na primeira escolha geral do Draft de 2016. O QB teve alguns bons anos, principalmente o da ida ao Super Bowl em 2018, porém nunca se consolidou como o verdadeiro Franchise QB da equipe, sendo muito ajudado pelo ótimo ataque do HC Sean McVay. Para selecionar o jogador, além das primeiras escolhas de 2016 e 2017, a franquia enviou duas escolhas de segunda rodada e uma de terceira em 2016 e mais uma escolha de terceira em 2017.

Já a troca por Jalen Ramsey pode ser considerada uma boa movimentação. LA abriu mão de duas escolhas de primeira rodada, em 2020 e 2021, e uma escolha de quarta rodada de 2021 para ter o jogador. Porém Ramsey já era na época um dos melhores CB da Liga e um jogador de impacto imediato para a defesa da franquia. Além de ser um jogador jovem que poderia contribuir por muitos anos com a equipe.
Para essa temporada, as movimentações começaram antes mesmo do último Super Bowl. No final de janeiro, foi anunciado que Los Angeles estava trocando Jared Goff, as escolhas de primeira rodada de 2022 e 2023 e uma escolha de terceira rodada de 2021 para o Detroit Lions por Matthew Stafford. O QB não é nenhum garoto, já com 33 anos, porém deve ter ainda um bom número de temporadas em alto nível, fazendo com que seja uma troca justa por aquele que é um dos melhores Quarterbacks da NFL.
Já no dia 1 de novembro, perto da trade deadline, outra grande troca. Pelas escolhas de segunda e terceira rodadas no Draft de 2022, o Rams adquiriu Von Miller junto ao Denver Broncos. O jogador já não é o mesmo da época de seu auge no Super Bowl 50 e vem sofrendo mais com lesões, mas ainda é um dos grandes jogadores de sua posição na Liga e chega para contribuir imediatamente.
E aí chegamos a novela do WR Odell Beckham Jr. O recebedor conseguiu sua tão sonhada rescisão com o Cleveland Browns e passou pelos waivers sem que nenhum time assumisse o seu contrato. Depois de alguns dias de muita especulação em muitos times, veio a confirmação: Odell estava indo se juntar ao all in de LA. De todas essas movimentações, essa foi a que menos exigiu algo em troca da equipe.
Devido a ter um valor garantido sendo pago por Cleveland, o WR assinou um contrato mínimo com a franquia, além de 500k de bônus de assinatura e com 3 milhões de dólares de metas, que se atingidos entrarão no salary cap do ano que vem. Odell não vem de boas temporadas em Cleveland após muitas lesões e polêmicas, mas sua habilidade é óbvia e pode vir a contribuir muito nesse ataque, ainda mais após a lesão do WR Robert Woods que está fora da temporada.

O estilo agressivo de Les Snead nos últimos anos tem pontos fracos, mas é um modelo bem interessante pensando no agora. Os principais jogadores da equipe (Matthew Stafford, Cooper Kupp, Robert Woods, Aaron Donald, Von Miller, Leonard Floyd, Jalen Ramsey), talvez com exceção de Von Miller, tem idade para atuarem em alto nível por no mínimo mais 4, 5 anos.
Ou seja, administrando as renovações desses jogadores e conseguindo mantê-los, a franquia deve se manter competitiva por no mínimo esse período, tempo suficiente para que o capital de escolhas de Draft seja recuperado e a equipe volte a ter escolhas de primeira rodada para voltar a apostar em jovens para o futuro.
O grande problema é: mantendo todas essas estrelas fica mais difícil ter salary cap para reforçar a equipe em outras posições que possam vir a ser carências. A projeção é de que Los Angeles tenha algo em torno de 4,8 milhões de espaço no cap para a próxima temporada. Com nomes como Von Miller, Odell Beckham Jr, o G Austin Corbett, o CB Darious Williams, o NT Sebastian Joseph-Day, o C Brian Allen, o K Matt Gay, e alguns nomes menos badalados, será muito difícil a permanência de todos eles para 2022.
E para substituí-los, além de não haver muito dinheiro para se usar na Free Agency (com algumas reestruturações a situação pode melhorar um pouco, mas não tanto) a franquia possui apenas 4 escolhas no próximo Draft (uma escolha compensatória de terceira rodada, uma escolha de quinta rodada e duas de sétima rodada).

Cabe ao GM da equipe usar da criatividade, coisa que ele já mostrou possuir, para não deixar o nível em volta das estrelas cair e manter toda a base da equipe que há anos vem sendo competitiva.
Los Angeles tem até o momento uma campanha de 7 vitórias e 3 derrotas, sendo duas dessas três nas últimas semanas, contra o Tennessee Titans e contra o San Francisco 49ers, em partidas onde o ataque vem sofrendo muito com drops dos recebedores e com interceptações lançadas por Matthew Stafford. A equipe está de bye week na semana 11 e a próxima partida é contra o Green Bay Packers, no Lambeau Field, no dia 28/11. Será que o all in da equipe levará o Rams de volta ao Super Bowl?
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