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  • Foto do escritorGiovanna Sociarelli

A história do futebol americano feminino nos Estados Unidos

Provavelmente você, assim como eu, já assistiu muitas vezes futebol americano. O esporte tem sido cada mais valorizado através do mundo e, principalmente a NFL, que movimenta milhões de dólares por ano.


Mas você já se perguntou sobre a modalidade feminina? Ouviu falar sobre a história, as condições das atletas e as ligas existentes? Caso essas respostas sejam negativas, eu venho aqui te trazer as respostas.

(Foto: Ivan Dmitri/Michael Ochs Archives/Getty Images)

Na década de 1930, o futebol americano feminino era muito popular. Os principais times americanos chegavam a levar milhares de torcedores aos seus jogos. Era um esporte realmente querido e respeitado.


O esporte crescia a cada dia mais e era praticado por mulheres e meninas de todas as idades. As atletas, sem sombra de dúvidas apenas jogavam porque amavam aquilo que faziam.


O problema foi que essa popularidade logo despertou um lado ruim: o machismo. Os homens gostavam de vê-las jogar, porém era um esporte perigoso e que causava muitas lesões, ou seja, "inapropriado".


Foi então que começou a tentativa de retirar as mulheres dos campos. Um homem deu uma entrevista a uma revista dizendo “elas jogam bom futebol, mas seria melhor que as meninas praticassem natação, softball ou tênis”.


As regras, no início, eram similares à categoria masculina. Contudo, em 1940 os discursos públicos começaram a ganhar força. Logo foram criadas as regras para o “American Football for Women” – um esporte seguro que não causasse tantas lesões.


Algumas das regras alteradas:

  1. Qualquer contato intencional era considerado falta com punição de 25 jardas;

  2. Não havia kickoff, a bola já iniciava na linha de 40 jardas;

  3. Também não era possível o retorno de punts, a bola era automaticamente posicionada na linha de 40 jardas.

(Foto: Peter Stackpole/Getty Images)

Dessa forma, o esporte começou a sofrer rejeição – tanto por parte das atletas quanto por parte do público. Não demorou muito para que alguns locais começassem a proibir mulheres de praticar essa modalidade.


A justificativa para a proibição foi de que as mulheres não eram capazes de jogar, mesmo após terem provado plena capacidade. “Se o jogo é difícil para os homens, é impossível para as mulheres” era o que diziam. A parte boa é que nem isso significou o fim: muitas mulheres continuaram e continuam lutando para jogar.


O sucesso pelo mundo


Atualmente existem ligas de futebol americano feminino em diversos lugares do mundo, porém o maior polo é nos Estados Unidos (3), seguido pelo Canadá com (2). As Ligas americanas são a Independent Women’s Football League (IWFL), criada em 2000, Women’s Football Alliance (WFA) de 2008 e Women’s Spring Football League (WSFL) de 2009. Além dessas, existiram 10 ligas americanas que foram proibidas ou banidas.


O crescimento do esporte também atingiu a Europa. São 21 países com mais de 200 times que praticam a modalidade feminina – todos sem ajuda monetária (assunto que será abordado à frente).


No Brasil a modalidade ainda engatinha, mas já contém 10 times em todo território. A modalidade mais comum por aqui é o flag football, pois exige menos custo por não necessitar equipamento.


Em 2010 foi realizada, pela International Federation of American Football (IFAF), a primeira Copa do Mundo de FA Feminino. O torneio acontece a cada 3 anos em diferentes locais.


Lista das últimas sedes e finais:

Suécia, 2010: Estados Unidos 66-0 Canadá

Finlândia, 2013: Estados Unidos 64-0 Canadá

Canadá, 2017: Estados Unidos 41-16 Canadá

Finlândia, 2021: Próxima edição



Legends Football League (LFL)


Talvez a liga mais conhecida de Futebol Americano talvez seja a LFL, também conhecida como Lingerie Football League. Foi fundada em 2009, mas criada em 2003 como uma alternativa simultânea ao halftime show do Super Bowl.


Nada mais é que uma liga de futebol americano 7x7 praticada apenas por mulheres, que utilizam lingeries, ombreiras, cotoveleiras, joelheiras e capacetes. As regras são um pouco diferentes (menos agressivas e cansativas) que as da NFL.


(Foto: Total Pro Sports)

A maior parte do público é masculino – que não vê problema com a falta de vestimenta das atletas. É transmitido por diversos canais americanos, mas também existe em diversos países europeus.


O fato é de que essa modalidade é valorizada pelo simples fato de sexualizar as atletas. Essas, por sua vez, não recebem um centavo “por praticarem um esporte amador”.


As opiniões das atletas são divididas, mas o comum é o amor pelo esporte. Elas desejam que as mulheres não precisem um dia se sujeitar ao uso apenas lingeries para poderem jogar o que gostam.


E o dinheiro?


Mesmo com o FA feminino em crescimento, não chega nem perto do glamour da NFL. Enquanto a Liga masculina movimenta milhões de dólares aos seus jogadores, as atletas muitas vezes pagam para poder treinar.


Mais especificamente falando da WFA, os times trabalham com orçamento em torno de 20 mil por ano. Cada jogadora deve pagar uma mensalidade para fazer parte da liga – entre 1 a 2 mil dólares por temporada.


A WFA utiliza esse dinheiro para garantir o seguro das atletas, além de bolas para as partidas, vídeos dos jogos para as equipes estudarem e custos das viagens nos playoffs. Quem deve arcar com as despesas da temporada regular são os próprios times.


Vale a pena ressaltar que o orçamento das equipes é basicamente para arcar os custos de viagem, ônibus, hotel, estadia e tudo que envolva uma temporada. As atletas não recebem um centavo para jogar e, muitas vezes, ainda ajudam seus times a organizar eventos para arrecadar dinheiro.


Levando em conta esse cenário, as atletas, além de se preocupar com os treinos e competições, ainda têm que estudar e trabalhar. A única motivação delas em continuar no esporte é o amor por ele.


De qualquer forma isso não acaba com a esperança: não necessariamente será para sempre assalariado. Ainda há muito espaço para evolução e crescimento das ligas femininas.


A representatividade feminina no mundo do futebol americano cresce todos os dias. Isso deve ser estruturado para que o esporte ganhe cada dia mais visibilidade, no Brasil e no mundo – atraindo público e patrocinadores. O importante é nunca desistir e lutar pelo futuro da modalidade.

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